O egrégio português de príncipes e plebeus
Uma abordagem
sobre os discursos marginalizados
das periferias fluminenses

Raphael de Morais (UNIGRANRIO)

 

O desprezo em relação aos discursos (re)produzidos nas periferias atua como uma espécie de combustível que impulsiona as engrenagens de maquinas de protesto, estruturadas sob a forma de canção.

Estar à margem do convencionalmente aceitável por uma elite preconceituosa significa ter a voz calada, o soluço abafado e os direitos violados.

Pretende-se averiguar os discursos de protesto que se manifestam nas periferias fluminenses, tendo como corpus de análise letras de músicas que visam à propagação da subumanidade que reina absoluta nesses ambientes. Tais produções apresentam, geralmente, o universo de seres que, por não terem a voz ouvida, se expressam através de gritos artísticos que arrombam os portões da resistência alheia, a fim de impor o berro como instrumento de reivindicação do acesso à cidadania.

Analisar-se-ão, especificamente, letras de Funk e Hip Hip, gêneros provenientes de outras culturas, que foram transformados pelos brasileiros e, hoje em dia, além de representarem a periferia de forma peculiar, são igualmente representados por ela. Através desses movimentos, o povo tem exibido suas dores, difundido seus horrores e lamentado sua condição.

O valor desses discursos, sua riqueza contextual e particularidades lingüísticas terão ênfase nesta análise e discussão, a fim de que sejam lançados novos olhares e perspectivas sobre os discursos das periferias e a intensa relação dos mesmos com o seu lugar social de produção.