pela estrada afora,
no caminho das complementações,
uma parada obrigatória

Ana Célia Clementino Moura (UFC)

 

É foco deste trabalho a construção das relações de complementação (RCOM) em narrativas de crianças em fase de aprendizagem da escrita. Primeiro procuramos identificar os conectores empregados na elaboração de enunciados que completam o sentido de um termo de outro enunciado e, depois, verificar o tipo de discurso em que elas aparecem. O corpus é constituído por 181 textos, assim distribuídos: um grupo de 24 crianças com a média de idade 5,9, que cursavam a alfabetização quando produziram o primeiro texto, no início da pesquisa (grupo GA); outro, também de 24 crianças, com idade média de 6,8, que estavam na 1a série (grupo G1), ao escreverem a primeira versão da história Chapeuzinho Vermelho. Por ser uma pesquisa longitudinal, as histórias foram coletadas em diferentes momentos: junho e novembro de 1997, junho e outubro de 1998. Analisando, nas narrativas, os conectores usados para introduzir, em forma de oração, uma informação que completa um enunciado, detectamos: i) no grupo composto por todas as crianças, foram empregados: se (0,6%), qual (1,7%), quem (2,3%), onde/aonde (5,3%), para (34,5%) e que (55,6%); ii) no GA, o para foi usado somente uma vez, introduzindo fala de personagem; iii) as relações de complementação predominaram na construção do discurso indireto: 97% no GA e 82,5% no G1. Quanto à função, verificamos: i) nas funções de sujeito, de objeto direto e de predicativo o uso foi irrelevante, respectivamente, 1,2%, nos dois primeiros casos, e 2,9%; ii) a concentração no uso dessas relações ocorreu nas com função de objeto direto.