SAINT-HILAIRE, POHL, GARDNER E CASTELNAU
E A EXOTICALIZAÇÃO DA PROVÍNCIA DE GOIÁS

Karylleila dos Santos Andrade (UFT)

 

O século XIX foi marcado pela necessidade de uma sistematização do conhecimento científico, consubstanciada pelas idéias filosóficas da época: a busca da explicação da origem do homem e o desenvolvimento de todas as coisas. Havia, por parte dos intelectuais desse tempo, um interesse em estudar e pesquisar países e culturas diferentes. A “moda” era analisar e descrever os países “descobertos”: investigar “o outro”.  Conhecer, “ao vivo”, quem era esse outro que exerceu, sobre os intelectuais europeus, um desejo e fascínio, mesclado ao misticismo, à exoticalização e à cientificidade. Essa motivação pode ser considerada como a mola propulsora dos viajantes estrangeiros em terra brasileira. É a própria diversidade do real que invoca o problema da alteridade: o fascínio da aventura, da tensão, do sofrimento. Saint-Hilaire, Pohl, Gardner e Castelnau, viajantes naturalistas, olhavam para a Província de Goiás, a partir do olhar civilizador europeu etnocêntrico. O abandono, a pobreza, o mestiço, o negro são aspectos que, na visão desses viajantes, impedem o processo civilizatório da região. Ignoram por completo o outro lado da história. Com o declínio da mineração não há uma outra atividade capaz de dar continuidade ao desenvolvimento da região, o que gerou uma profunda crise econômica. Na literatura dos viajantes, dentre as razões para o declínio da mineração na Província de Goiás estão a falta de mão de obra na exploração das minas, o uso de técnicas rudimentares de extração do ouro e a preocupação demasiada com o quinto.