Semiótica das culturas:
VALORES, SABERES COMPARTILHADOS
E COMPeTÊNCIAS SOCIAIS

Cidmar Teodoro Pais (USP/UBC)

 

Este trabalho propôs-se a estudar os processos de integração das pessoas numa comunidade sociocultural, que se dão, em diferentes graus, a partir do seu nascimento, ou seja, a sua paulatina inserção, como membros de uma sociedade, na medida em que são dotados de certo conhecimento e de certa competência culturais. Noutros termos, trata-se do desenvolvimento de um saber e de um saber-fazer culturais. Considerou-se, para tanto, a semiótica das culturas como uma ciência da interpretação, de acordo com as tendências mais recentes dos estudos semióticos. Tratamento multidisciplinar, envolve e articula a semântica cognitiva, as ciências da linguagem e da significação, a antropologia cultural, a sociologia e a história. Com efeito, em cada cultura, tem-se complexo conjunto de processos semióticos (sistemas x discursos) verbais, não-verbais e sincréticos, constitutivos da macrossemiótica dessa cultura, que a caracterizam, que dão sustentação a um mundo semioticamente construído, a sistemas de valores, sistemas de crenças, de saberes compartilhados pelos seus membros, de competências socioculturais. Examinam-se cognições, reconceptualizações, significações, recortes culturais, axiologias, próprios de uma cultura, que habilitam ao convívio e conferem a consciência e o sentimento de pertinência ao grupo, sua permanência e continuidade no eixo do tempo. A formação, a educação (formal e informal) constituem fatores relevantes na (re)construção e manutenção do processo histórico dos indivíduos e do grupo, da civilização. Configura-se uma trajetória de progressiva integração, como atividade incessante, no sistema e nas práticas culturais, que conduz à constituição de uma identidade cultural e assegura, simultaneamente, a tolerância e o respeito à diversidade cultural.