Sinestesia em Rosa:
um alumbramento da palavra

Rossana Sartori (FIMI)
Lilian Cristina Granziera (FIMI)
Maria Suzett Biembengut Santade (UERJ, FIMI e FMPFM))

 

O trabalho propõe apresentar como o aspecto sinestésico espraia pelos textos de Guimarães Rosa. A sinestesia é um dos mais belos recursos poéticos para textos que necessitam de musicalidade como função maior. Em Guimarães Rosa o uso do ritmo na fala de seus sertanejos ultrapassa a dimensão do que se conhecia em língua portuguesa - um alumbramento - como o próprio autor colocou em algumas de suas obras. O literato faz uso de metáforas, sinestesias, metonímias e tantas outras figuras de nosso idioma sem cair no hermético de algumas combinações sonoras. É o universo da linguagem regionalista que assumiu, na presença marcante da lingüística, a roupa de homens com diferentes linguagens fazendo parte de uma mesma língua. No aspecto metodológico, caminha-se o trabalho na intertextualidade do conto Recado do Morro onde a sinestesia ultrapassa seus limites fonéticos, assumindo o limite metafísico, e aí o autor cria dois personagens heróicos vivendo em um só pensamento e espírito. Pedro é pedra, o morro é pedra. Assim, Pedro é o morro e o mesmo, é Pedro. A musicalidade sinestésica forma-se no texto.