A influência de Fernão Lopes
n´A Carta de Pero Vaz, Caminha

Marly de Souza Almeida
jullimar@uol.com.br

 

Uma leitura d´A Carta de Caminha motivada pelos princípios da Historiografia Lingüística propiciou-nos uma questão instigante: até que ponto a certidão de nascimento do Brasil não condensa influências de cronistas do passado? De que modo é posto em crônica o achamento das novas terras como certidão de identidade? É com esse propósito investigativo que procederemos à análise do primeiro documento escrito no Brasil em 1500. Na tentativa de comprovação do argumento de influência que se coloca como categoria de análise historiográfica do documento, faremos um estudo paralelo da Crônica de D. João I, de Fernão Lopes, escrita no século anterior para, a partir do (dis)curso da História que propicia alguns pontos de intersecção entre cronista e historiador, procedermos à perquirição das marcas socioculturais e lingüísticas que se podem constituir em influências da crônica do Rei na crônica para o Rei.  Tais influências permitem a aproximação de duas épocas, dois espaços e dois autores. Embora cada documento se configure no âmbito cultural de duas sociedades distintas e estejam distanciados no tempo, seus autores são podem ser igualmente influenciados por idéias, princípios, cultura e objetivos comuns. Ancoramos as análises em Transcrições diplomáticas d´A Carta e da Crônica de D. João I por serem fontes seguras e fidedignas, quando da falta dos originais desses valiosos documentos histórico-lingüísticos. Documentos que inserem o homem na dimensão cultural de seu tempo e contribuem para a compreensão da língua em uso na sociedade atual.