As letras de Ana Carolina
a invariante disjunção e a isotopia do sexo

Conrado Moreira Mendes
conradomendes@yahoo.com.br
Daniervelin Renata Marques Pereira
daniervelin@yahoo.com.br

 

Percebem-se nas letras de música da cantora Ana Carolina duas características muito marcantes.  De um lado, no nível narrativo, o enunciador está sempre em disjunção do objeto de valor positivo "ser amado". De outro, no nível discursivo, nota-se que figuras de natureza sexual explícita recobrem temas também de natureza sexual, configurando uma isotopia sexual pela recorrência de traços lingüísticos. Dessa forma, se de um lado, no nível narrativo, há a disjunção, como traço invariante, no nível discursivo, o sexo ganha, freqüentemente, contornos explícitos e lésbicos/bissexuais. O referencial teórico deste trabalho será a semiótica francesa, cujas bases foram lançadas por A. J. Greimas. O corpus do trabalho são algumas letras de canções escolhidas do último CD inédito de estúdio lançado pela cantora em 2006, Dois quartos.  A partir da análise das letras compostas pela cantora, foi possível concluir que há uma rigorosidade na sintaxe narrativa e, na semântica discursiva, os temas são quase invariantes em todas as músicas, trazendo apenas uma variedade de figuras, em geral, da natureza. Por meio dessa análise, pretendemos mostrar ainda algumas ferramentas da teoria semiótica que permitem evidenciar sua utilidade no desvelamento dos sentidos do texto, privilegiando o plano do conteúdo.