Fragmentos da cidade:
história e memória em Três Corações
por três corações

Carina Adriele Duarte de Melo

carinademelo@yahoo.com.br

 

No ano de 2006, três fotógrafos, Estevam Avellar, Marco Antônio Gabriel e Sansão Bogarim manifestaram a intenção de falar sobre a cidade de Três Corações através da arte com a qual trabalham. O resultado pode ser verificado com a publicação de um livro, intitulado TRÊS CORAÇÕES por três corações. A obra é composta por fotografias da cidade, registradas no ano anterior à publicação e tem como apresentação quatro textos memorialísticos de autores tricordianos, convidados a descrever as impressões pessoais que a localidade lhes despertava. Três Corações passa a ser vista sob dois ângulos distintos: a cidade gráfica (fotográfica e textual) e a cidade histórica. Se correntemente o passado se materializa pelo olhar do presente, a partir do tempo-agora, a percepção da cidade gráfica remete à história preconcebida ou sugere outra nova, uma história reinventada? Quais seriam as dessemelhanças entre a cidade gráfica e a histórica? Tendo em vista a dimensão plurissignificativa exteriorizada pelo objeto ao pretender-se apreendê-lo, nesse trabalho adota-se por modelo as transformações nas correntes historiográficas, o efeito de realidade proporcionado pela fotografia e também pela literatura (sobretudo no gênero da crônica).  Observa-se que a mudança de perspectiva gera instantaneamente uma alteração no objeto, ou melhor, na imagem que se constrói desse objeto e na forma como o mesmo será divulgado. Portanto, se há, de fato, inúmeras leituras dos acontecimentos, incontáveis são as possibilidades de sentido. E, no que tange à história de uma determinada cidade, ainda que já consagrada, ao ser analisada por viés diversificado, outra história pode emergir, mesmo partindo-se de fatos idênticos. Usando como suporte teórico essencial Jeanne Marie Gagnebin, Walter Benjamin, Hayden White, Paul Veyne e Susan Sontag, o presente trabalho traduz-se em discorrer sobre alguns aspectos relevantes da História e memória, com ênfase no ficcional que as perpassa.