O Processo Discursivo da Restrição

Vanessa Barros de  Lima
deusa.vestal@hotmail.com

 

Apresenta-se, neste trabalho, um estudo sobre o processo da restrição, a partir de uma perspectiva discursiva. O estudo mostra-se importante, porque comprova não só a inserção de novas marcas lingüísticas com valor de restrição em textos jornalísticos como também o uso dessas marcas como estratégia argumentativa.

Pretende-se contribuir, a partir desta abordagem, para os estudos da Semântica da Enunciação a fim de compreender o uso das estratégias argumentativas pelo locutor por intermédio da restrição. Com essa finalidade, buscar-se-á estudar o assunto, mostrando que há inserção de novos conectores no quadro dos operadores restritivos.

Tem-se, como pressupostos teóricos, a Semiolingüística do Discurso, de Patrick Charaudeau (1992), e a Semântica Argumentativa, de Oswald Ducrot (1987).

Adotou-se, para esta pesquisa, o texto jornalístico, pois, representa o português padrão atual. Escolheram-se os gêneros editorial, artigo de opinião e crônica dos jornais O Globo e O Dia.

Além de representar o português padrão atual, a escolha pelos gêneros justifica-se, pois,  dentre os conectores restritivos, há aqueles que são considerados como usos típicos da língua oral, mas que estão se infiltrando em textos da língua escrita.

Constata-se que as novas marcas lingüísticas veiculam o valor de restrição tal como os operadores argumentativos, estudados por Ducrot, e apresentam o mesmo recurso discursivo. É pertinente, portanto, denominá-las de operadores restritivos não-canônicos.

Segundo a Semiolingüística do Discurso, de Charaudeau, constata-se que o contrato de comunicação e a variável classe social, a que o jornal se dirige, influenciam na ocorrência de operadores restritivos não-canônicos