O problema da classificação do blog
como um gênero discursivo

Elir Ferrari
elir@elirferrari.pro.br

 

A internet traz consigo uma gama de novas produções textuais e, no bojo de sua evolução, muitos gêneros discursivos surgem, novos meios de expressão se solidificam. Estabeleceram-se as características do blog como um gênero digital (Marcuschi, 2004), ou gênero discursivo (Komesu, 2005), mas problemas surgem com essa caracterização, uma vez que ele é um instrumento que permite a inclusão de textos oriundos de gêneros diversos. A questão que surge, então, é a de que o blog pode ser um suporte 'multigenérico'. Pretende-se investigar como esse gênero discursivo e fundamentalmente dialógico (Bakhtin, 2000, 2006) se comporta diante dos demais gêneros, o que faz dele um gênero único ou uma mescla de gêneros ('intergêneros'), como se estabelece a interação entre o enunciador (autor do blog) e o co-enunciador (leitor), que elementos integram sua tipologia ou uma cenografia (Maingueneau, 1997). Limitamos o corpus a blogues pessoais, não-institucionais, por julgarmos que estes expressam o ideal do enunciador, e não da instituição. A partir dos resultados será possível verificar as seguintes hipóteses: a) o blog pode ser considerado um gênero discursivo propriamente dito, para além de sua restrição a gênero digital; b) o blog pode ser considerado um suporte/instrumento para gêneros discursivos ('multigêneros' e 'intergêneros'); e, concordando com Bakhtin (2006:44) que os gêneros são a "expressão materializada da psicologia do corpo social", c) o (inter)gênero selecionado pelo enunciador atende a seus propósitos enunciativos.