Os processos de monitoramento do falante
como recursos de envolvimento interpessoal

Paulo de Tarso Galembeck
ptgal@uel.br

 

Na interação falada (sobretudo em diálogos simétricos), os falantes têm a consciência de que estão numa posição vulnerável, pois, no decorrer na interação, podem ser interrompidos pelo(s) outro(s) interlocutor(es), com críticas e objeções às suas palavras. Torna-se necessário, assim, que o falante adote uma atitude de resguardo, representada, nas diversas formas de interação verbal falada, por certos procedimentos de monitoramento e controle. Esses procedimentos são utilizados com dupla finalidade: para controlar as atitudes e reações dos outros participantes e, bem assim, para assegurar ao falante de que ele está sendo compreendido, e é capaz de ampliar o tópico em andamento e criar o contexto comum partilhado entre os interlocutores. Há, pois, uma dupla atividade de monitoramento do falante: o monitoramento da própria fala (auto-monitoramento do falante) e o monitoramento ao ouvinte. No primeiro caso, o falante busca certificar-se de que a sua fala está sendo compreendida, e a sua auto-imagem pública não corre o risco de ser "arranhada". Para tanto, empregam-se procedimentos discursivos variados: paráfrases (retomada do que foi dito, com nova formulação); correções (anulação total ou parcial do que foi dito, em busca da melhor formulação discursiva); inserções parentéticas (desvios breves e parciais em relação ao tópico em andamento), geralmente com a finalidade de esclarecimento; marcadores e procedimentos de atenuação (utiliza dois par diminuir a força ilocutória do enunciado). O monitoramento ao ouvinte é representado pelos marcadores de busca de aprovação discursiva (sabe?, né?, certo?, entende?), realizados com a finalidade de assegurar a compreensão do que está sendo dito, e a aceitação das idéias polêmicas. Esses procedimentos serão estudados num córpus constituído por  interações simétricas (diálogos entre dois informantes) dos Projetos NURC/SP e NURC/RJ.