PROCEDIMENTOS LINGÜÍSTICOS
DE INSCRIÇÃO DO LOCUTOR NO ENUNCIADO

Lygia Maria Gonçalves Trouche (UFF)
lymt@terra.com.br

 

Este trabalho pretende examinar, de modo resumido, alguns procedimentos lingüísticos (modalizadores, termos avaliativos e usos de tempos verbais) como marcas de inscrição do locutor no enunciado, em exemplos de textos da imprensa, especificamente em O Globo e na Folha de S. Paulo.

A base teórica da análise da construção da subjetividade na língua fundamenta-se em princípios da lingüística da enunciação (Catherine Kerbrat-Orecchioni, 1997), relacionados às questões de construção do ethos – imagem de si no discurso – desenvolvidas por Maingueneau (2008).  A noção de ethos implica que o locutor se outorga, no discurso, uma posição que identifica sua relação com um saber e com um dizer.   

Esse tipo de reflexão e de prática de ensino de língua portuguesa procura apontar estratégias de leitura para uma compreensão crítica dos enunciados de textos de gêneros diferentes que circulam em nossa sociedade, permitindo que o aluno se desenvolva como sujeito de sua recepção e estabeleça um diálogo produtivo com os textos.