(re)escrevendo a memória:
a poesia das Madres de Plaza de Mayo

Maria Fernanda Garbero de Aragão Ponzio
nandagara@yahoo.com.br

 

Este trabalho tem por objetivo traçar uma análise comparativa entre as fases que compõem a história literária escrita pelas Madres de Plaza de Mayo. Tendo como base esse contemporâneo movimento empreendido na Argentina no final da década de setenta, nossa hipótese é verificar o surgimento de uma escrita que descobre na poesia um caminho capaz de dar voz ao corpo vitimado pelas violências do Estado militar. De acordo com a análise dos livros de poemas publicados pela Asociación Madres de Plaza de Mayo, entre 1981 e 2007, buscaremos compreender o processo de reconfiguração da mãe marcada pela perda à Madre consciente, que escreve suas memórias e as expõe publicamente, deixando à mostra a vergonha e os abusos dos governos ditatoriais.

Marchando contra o esquecimento, as Madres de Plaza de Mayo reescrevem a história de um país maculado pelo engano. Com seus lenços brancos e seus pés cansados, seus corpos se opõem às injustiças e encontram na poesia uma tradução para a sobrevivência.