A interferência
dos veículos de transmissão de mensagem
na escolha dos tempos verbais

Vânia Santana Carvalho (UERJ)
vaniacarvalho@arcauniversal.com

 

No princípio, acreditava-se que para se transmitir mensagens, o advento do correio eletrônico causaria a extinção da correspondência tradicional, a carta. No entanto, as cartas não só continuaram a cumprir sua função social, como também serviu de modelo para a criação de sua modalidade eletrônica, o correio eletrônico (electronic mail, e-mail).

Acreditamos que o e-mail gerou um gênero textual a partir de suas peculiaridades, o gênero digital. MARCUSCHI (2003) diz que “não são as tecnologias que originam os gêneros e sim a intensidade de seu uso e suas interferências nas atividades comunicativas diárias”. Nessa visão, entendemos que o e-mail foi incorporado ao nosso cotidiano como uma prática social de leitura e escrita que surgiu para ampliar a função da carta e que, pela facilidade de uso, pode-se apontar o crescimento contínuo de mensagens enviadas e recebidas que circulam nos diversos ambientes sociais.

muito que os lingüistas se debruçam sobre a análise dos tempos verbais, buscando aferir-lhes o poder de exercer a função de organizar a realidade e a seqüência dos fatos. Contudo, segundo as teorias de Weinrich (1968), a função dos tempos verbais não é a de marcar o tempo cronológico, mas a de cientificar o leitor ou ouvinte quanto à situação comunicativa em que a linguagem se atualiza. Ele explica que “são tantas e diversas as situações comunicativas quantas as situações da vida, e nenhuma é igual a outra”.

Nesse trabalho, abordaremos a relação entre a interação em que os interlocutores estão em contato por canal eletrônico e a teoria dos tempos verbais de Weirinch (1968), que faz-nos acreditar que, nos discursos dos textos dos e-mails, podemos aprofundar as questões concernentes às contribuições reveladas pelo mundo comentado e narrado de Weirinch na elaboração da mensagem.