Meninas e meninos:
processos revelam marcas de gênero?
Juliana Jandre Barreto
julianajandre@yahoo.com.br
Inúmeros estudos buscam identificar possíveis marcas de gênero através da análise do discurso de homens e mulheres (Tannen, 1995; Cameron, 1985). Tannen (1995), por exemplo, através de uma análise da fala masculina e feminina, nota que homens constroem um discurso de status e independência, enquanto mulheres optam por um que privilegie intimidade e conexões com o interlocutor. Gênero, portanto, parece ser um fator diferenciador de discurso. Colocando esta constatação em teste e utilizando-se da Lingüística Sistêmico-Funcional (Halliday, 1985), Jandre (2006) verificou se alunos do ensino fundamental apresentavam marcas de gênero nos poemas realizados ao final de uma oficina de conscientização literária (CL). A autora pôde verificar que não havia marcas significativas ao analisar os processos utilizados nestes poemas, já que ambos os grupos utilizaram os mesmos processos, a saber, relacionais, materiais e mentais. O presente estudo expande a análise anteriormente realizada, incluindo todos os poemas escritos por alunos e alunas de sexto ano do ensino fundamental durante uma oficina de CL. Participaram da pesquisa 95 alunos (42 meninas e 53 meninos) de uma escola particular na zona oeste do Rio de Janeiro, em que dez produções de cada aluno foram analisadas. Os resultados mostram que não há diferenças significativas quanto aos processos utilizados por estes alunos em suas produções. Ambos os grupos optaram por usar mais processos relacionais, materiais e mentais, nesta ordem. O presente estudo, portanto, aponta para semelhanças na escrita de ambos os gêneros neste contexto específico. Como encaminhamento, pretende-se verificar se o uso de adjetivos e substantivos aponta para uma diferenciação entre o discurso masculino e o feminino.