Tímida e ousada:
as concepções de escrita
para Clarice Lispector
Isadora Lima Machado
ultimaflordolacio@gmail.com
Qual o lugar da escrita na sociedade brasileira contemporânea? A pergunta permite-nos uma infinidade de respostas, quase sempre pouco convincentes. Na tentativa de responder a questão, foi fundamental encarar que as estruturas sociais se organizam e se modificam pela linguagem. O sujeito, imerso inevitavelmente nesta que o toma, organiza suas concepções de mundo a partir do que inerentemente dispõe: a mesma linguagem.
Clarice Lispector, além de estruturar o próprio mundo pela linguagem, também o fazia com seu universo ficcional. A autora, então, foi a vereda encontrada para começarmos a trilhar rumo à resposta da indagação inicial. Afinal, entender como um sujeito se coloca diante daquilo que lhe é nato - a linguagem - será, possivelmente, entender qual o lugar da escrita. A linguagem tem um poder imenso na ficção clariceana. Forma seu universo, mas também aprisiona seu narrador, que "medita sem palavras".
Por meio de autores como Michel Foucault e Roland Barthes, procuramos entender como a sociedade brasileira pós-década de 70 se relaciona com a escrita.