Fernando Sabino (Belo Horizonte, 12 de outubro de 1923 — Rio
de Janeiro, 11 de outubro de 2004) foi um escritor,
jornalista e editor brasileiro.
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Sabino)
Biografia
Fernando Sabino é filho de
Domingos Sabino e de Odete Tavares de Lacerda. Seus pais eram mineiros da
cidade de Leopoldina. Sabino era neto de imigrantes italianos por parte de pai.
Seus avós italianos se chamavam Nicola Savino e Angela Apprato. Sua mãe
pertencia a uma família tradicional de Leopoldina. Fernando iniciou seus
estudos aos sete anos no Grupo Escolar Afonso Pena, onde conheceu o amigo Hélio
Pellegrino. Aos 12 anos, começou a escrever contos. Sua primeira
publicação, uma história policial, aconteceu na revista Argus, uma publicação
da polícia de Minas Gerais. Durante a adolescência, enviava com
regularidade crônicas para a revista mineira, que promovia um
concurso permanente, o qual Sabino vencia com frequência, tanto que chegava a
receber o dinheiro adiantado.
Esportista, nadador do Minas
Tênis Clube, bateu diversos recordes de nado de costas, sua especialidade,
tornando-se campeão sul-americano dessa modalidade em 1939. No mesmo ano,
ganhou o segundo lugar na Maratona Nacional de Português e Gramática Histórica,
empatado com Hélio Pellegrino.
No início da década de 1940 começou
a cursar a Faculdade de Direito em Minas Gerais e ingressou no
jornalismo como redator da Folha de Minas, por intermédio do escritor Murilo
Rubião. O primeiro livro de contos, Os grilos não cantam mais, foi
publicado em 1941, no Rio de Janeiro, quando o autor tinha apenas dezoito anos,
sendo que alguns contos do livro foram escritos quando Sabino tinha apenas
quatorze anos. Nesse período, conheceu e passou a conviver com Marques
Rebêlo, Guilhermino César e João Etienne Filho. Formava, com Hélio
Pellegrino, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos, um grupo
literário, apelidado por Etienne, de Grupo dos Vintanistas devido ao fato
de todos estarem na casa dos vinte anos.
Fotografia de acervo pessoal – Fernando Sabino com cada um
dos três amigos inseparáveis.
Esse grupo discutia literatura e fazia passeios boêmios pelas noites de
Belo Horizonte. Suas histórias serviram de inspiração para a premiada obra O Encontro Marcado. Nesse período, Sabino
publica contos e artigos pelas revistas Mensagem, Alterosa e Belo
Horizonte.
Os “Quatro cavalheiros do apocalipse”: Hélio
Peregrino, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Otto
Lara Rezende (da esquerda para a direita).
Percurso profissional e literário
Por ocasião da publicação
de Os grilos não cantam mais, Sabino inicia, em 1942,
correspondência com o escritor paulista Mário de Andrade. A troca de
cartas dura até 1945, ano da morte de Mário, e pode ser lida no livro Cartas
a um jovem escritor e suas respostas.
Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1944. Tornou-se colaborador regular do
jornal Correio da Manhã, onde conheceu Vinicius de Moraes, de quem se tornou amigo. No mesmo ano, publicou sua segunda obra, a
novela A marca. Em 1945, conheceu a escritora Clarice Lispector, no Rio, de quem tornou-se
amigo e mais tarde, correspondente. Depois de se formar em Direito na Faculdade Nacional de Direito, em 1946, viajou com Vinicius de Moraes aos Estados Unidos. O escritor morou por dois
anos em Nova Iorque, onde exercia função burocrática no consulado brasileiro, com sua
primeira esposa Helena Valladares Sabino e a primogênita Eliana Sabino. Nesse período, conheceu o
compositor Jayme Ovalle. Colaborou com crônicas para o Diário
Carioca e O Jornal. As crônicas reunidas do
período foram publicadas na obra A cidade vazia (1950). No mesmo período,
Sabino escreve Os movimentos simulados (2004; data também de sua morte) e
esboços das obras O encontro marcado (1956) e O grande mentecapto (1979).
Em
homenagem ao livro Encontro Marcado foi instalada uma estátua de bronze no
complexo arquitetônico da Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, para
eternizar os escritores conhecidos como “Quatro cavalheiros do apocalipse”: Otto
Lara Rezende, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Hélio
Peregrino. O trabalho é do artista plástico Léo Santana.
O encontro marcado, uma de suas obras mais
conhecidas, foi lançada em 1956. Sabino decidiu, então (1957), viver
exclusivamente como escritor e jornalista. Iniciou uma produção diária de
crônicas para o Jornal do Brasil, escrevendo mensalmente também para a revista
Senhor. Em 1960, Fernando Sabino publicou o livro O homem nu, pela Editora
do Autor, fundada por ele, Rubem Braga e Walter Acosta. Publicou, em
1962, A mulher do vizinho, que recebeu o Prêmio Fernando Chinaglia,
do Pen Club do Brasil. Em 1964, muda-se para Londres, onde passa
a exercer função da adido cultural junta à embaixada brasileira. Torna-se
correspondente do Jornal do Brasil. Colabora na BBC e com as
revistas Manchete e Claudia.
Funda, em 1960, a Editora do
Autor, em parceria com Rubem Braga, na qual publica nomes importantes da
literatura brasileira e latino-americana. Deixa a editora em 1966, e funda a Editora
Sabiá. Em 1973 funda a Bem-te-vi Filmes, com David Neves, por meio da qual
produz uma série de curtas-metragens com escritores brasileiros. Realiza, na década
de 1970, uma série de viagens ao exterior documentando eventos.
Publicou O grande
mentecapto em 1979, iniciado mais de trinta anos antes. A obra, que
lhe rendeu o Prêmio Jabuti, e acabaria sendo adaptada para o cinema, com
direção de Oswaldo Caldeira, em 1989, e também para o teatro. Publicou em
1982, O menino no espelho. Em 1985, A faca de dois gumes.
E em 1989, O tabuleiro de damas, uma obra autobiográfica. Publicou
com regularidade na década de 90. Em 1991, publica Zélia, uma paixão.
Em 1996, foi publicada em três volumes sua Obra Reunida pela editora Nova
Aguilar. Em julho de 1999, recebeu da Academia Brasileira de Letras o prêmio
Machado de Assis pelo conjunto de sua obra. Em 2001, publicou Livro aberto
e Cartas perto do coração. Em 2002, publicou Cartas sobre a mesa e,
em 2004, publicou Os movimentos simulados.
Fernando Sabino faleceu, em 2004,
em sua casa em Ipanema (zona sul no Rio de Janeiro), vítima de câncer
no fígado, às vésperas do 81º aniversário. Foi sepultado no Rio, no Cemitério
São João Batista. Seu epitáfio, escrito a seu pedido, é o seguinte: “Aqui
jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino!”.
No ano de 2005, por iniciativa da
família de Sabino, foi fundado o Instituto Fernando Sabino, que se dedica
a incentivar a prática da leitura a partir da obra do escritor mineiro.
No ano de 2006, comemorou-se os
50 anos de publicação da obra Encontro Marcado com edição especial comemorativa
publicada pela Editora Record.
No ano de 2018, foi inaugurado em
Belo Horizonte, um espaço de exposição permanente dedicado ao escritor: o
Espaço Cultural Encontro Marcado.
Em 2023, o escritor completaria 100 anos de nascimento. As comemorações
do centenário, programadas para durarem um ano, iniciaram-se no dia 11 de
outubro.
Obras de Fernando Sabino
- Os
grilos não cantam mais - contos (1941 -
Pongetti
- A
marca - novela (1944 - José Olympio)
- A
cidade vazia - crônicas e histórias (1950 - NY)
- A
vida real - novelas (1952, Editora A Noite)
- Lugares
comuns - dicionário (1952, Record)
- O
encontro marcado - romance (1956, Civilização Brasileira)
- O
homem nu - crônicas (1960, Editora do Autor)
- A
mulher do vizinho - crônicas (1962, Editora do Autor)
- A
companheira de viagem - crônicas (inclusive crônicas de viagens)
(1965, Editora do Autor)
- A
inglesa deslumbrada - crônicas (inclusive crônicas de viagens)
(1967, Sabiá)
- Gente
I e Gente II - crônica sobre personalidades com quem
Fernando Sabino teve contato (1975, Record)
- Deixa
o Alfredo falar! - crônicas (1976, Record)
- O
Encontro das Águas - crônicas sobre uma viagem à cidade de
Manaus/AM (1977, Record)
- O
grande mentecapto - romance (1979, Record)
- A
falta que ela me faz - crônicas (1980, Record)
- O
menino no espelho - romance (1982, Record)
- O
Gato Sou Eu - crônicas (1983, Record)
- Macacos
me mordam (1984, Record)
- A
vitória da infância (1984, Editora Nacional)
- A
faca de dois Gumes - novelas (1985, Record)
- O
Pintor que pintou o sete (1987, Berlendis
& Vertecchia)
- Martini Seco - romance policial (1987, Ática)
- O
tabuleiro das damas - autobiografia literária (1988, Record)
- De
cabeça para baixo - crônicas de viagens (1989, Record)
- A
volta por cima - crônicas (1990, Record)
- Zélia,
uma paixão - biografia (1991, Record)
- O
bom ladrão - novela (1992, Ática)
- Aqui
estamos todos nus (1993, Record)
- Os
restos mortais (1993, Ática)
- A
nudez da verdade (1994, Ática)
- Com
a graça de Deus (1995, Record)
- O
outro gume da faca - novela (1996, Ática)
- Um
corpo de mulher (1997, Ática)
- O
homem feito novela (originalmente publicada no volume A
vida real, cf. acima) (1998, Ática)
- Amor
de Capitu - recriação literária de Dom Casmurro (1998,
Ática)
- No
fim dá certo - crônicas (1998, Record)
- A
chave do enigma (1999, Record)
- O
galo músico (1999, Record)
- Cara
ou coroa? (2000, Ática)
- Duas
novelas de amor - novelas (2000, Ática)
- Livro
aberto - Páginas soltas ao longo do tempo - crônicas, entrevistas, fragmentos,
etc. (2001, Record)
- Cartas
perto do coração - correspondência com Clarice Lispector (2001, Record)
- Cartas
na mesa - correspondência com Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio
Pellegrino (2002. Record)
- Os
caçadores de mentira (2003, Rocco)
- Cartas
a um jovem escritor e suas respostas (2003, Record)
- Os
movimentos simulados (2004, Record)
- Bolofofos
e finifinos (2004, Ediouro)
Correspondência publicada
- Cartas
a um jovem escritor e suas respostas -
correspondência com Mário de Andrade. (2003, Record)
- Cartas
perto do coração - correspondência com Clarice Lispector (2001, Editora Record)
- Cartas
na mesa - correspondência com Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio
Pellegrino (2000. Editora Record)
Link para:
Fernando Sabino: os 100 anos do autor
belo-horizontino
Para celebrar o
centenário de nascimento do autor belo-horizontino, exposições e bate-papos
acontecem na Biblioteca Pública Estadual em BH; programação se estenderá
até outubro de 2024
O
autor belo-horizontino Fernando Sabino terá exposição comemorativa dos seus 100
anos até outubro de 2024 (Foto: Arquivo Pessoal/Bernardo Sabino)
Celebrando os 100 anos do autor
belo-horizontino Fernando Sabino, o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, apresenta
uma extensa programação que irá até outubro de 2024. O objetivo é promover o
legado do escritor, o qual inspira exposições, em cartaz até dezembro na
Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, dentre outras ações, como
oficinas, bate-papos e espetáculos, e também uma nova rota cultural, desenhada
pelos jornalistas Gloria Cavaggioni e Wanderley Garcia, com 11 cidades mineiras
relacionados à vida e à obra de Sabino.
O Ano Fernando Sabino é um desdobramento
do Minas Literária, programa que busca incentivar a leitura e fortalecer a
cadeia produtiva do livro, gerando emprego e renda nos segmentos da economia da
criatividade.
Em seus escritos, Fernando Sabino
(1923-2004) incorporou diversas memórias de juventude e infância, todas elas
relacionadas a Minas Gerais, sua terra natal. Revisitar seus contos, romances,
novelas e crônicas, portanto, é reconhecer as paisagens, costumes e a cozinha
típica do estado que reverberam nos textos e atraem leitores de várias
gerações.
“Fernando Sabino é um grande escritor da
nossa mineiridade e sobretudo da nossa Belo Horizonte”, pontua o secretário de
Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira.
Principais obras de Fernando Sabino