O mendigo
Oh! dai a esmola a que, no mundo, a sorte
Só tem na boca risos de escarninho ,
Oh! dai ao pobre o capitoso vinho,
Que nesta vida a sua dor conforte;
Oh! dai-a a quem do vento ao sopro forte
Da desgraça que o punge, abrolho, espinho
Vai encontrando sempre em seu caminho,
Até que dele se apiede a morte.
Oh! almas caridosas, sem abrigo
Se nas ruas achardes um mendigo
Carpindo a mágoa e os sofrimentos seus...
Compaixão para o mísero infeliz,
Aplicai-lhe um remédio à cicatriz
Dai-lhe uma esmola pelo amor de Deus.
Niterói, 07-05-1922