A esmola
A esmola é rocio que do céu a flux
Desce a lenir , do que mendiga, a fome,
É incenso que no ar ascende e some,
E vai beijar as faces de Jesus.
É sublime ambrosia que seduz
O mísero que lágrimas sem nome
Haurindo-a vai na pena que o consome,
Pois que em vertê-las sua dor reduz...
Oh! ricos da fortuna, dai a esmola,
Por pequena que seja, ela consola
Do desgraçado a angústia singular;
Tanto mais útil e em bênçãos se desdobra,
Quando a direita um benefício obra
E não o sabe a esquerda avaliar .
Niterói, 08-05-1922
Lima Barreto, falecido em 1922, publicara em 1911 um conto intitulado “O caso do mendigo”, que pode ter inspirado o autor deste belo soneto parnasiano. Veja-a em <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/lima-barreto/o-caso-do-mendigo.php>.