Na estação de campos
Eu vi-a. O rosto num lencinho branco
De cambraia, em soluços, ocultava
Indiferente a multidão passava,
Penso dos lábios o sorriso franco.
Um curioso ou outro um olhar ao banco
Onde a infeliz o pranto extravasava
Avesso e frio àquela dor lançava
De um coração no derradeiro arranco.
O apito soa da locomotiva...
Abraços... beijos... algum sonho morto...
E o trem a marcha a pouco e pouco ativa.
A custo os olhos à infeliz transporto
Vi-a tão triste que pensei: mais viva
É a mágoa que se curte sem conforto.
02-10-1922