Nas asas da fantasia,
Louca que aos astros se lança,
Achei-me ao portal, um dia,
Do castelo da Esperança.
O verde ali se ostentava
Em tudo o que via o olhar;
O teto o verde espelhava,
Era o soalho verde-mar.
Verde o salão, verdes telas,
Verdes móveis medievais,
Verdes portais e janelas,
Era verde tudo o mais.
Da cor verde toda a escala
Reluzia em setestrelo ,
Verde escuro, verde-opala,
Verde-safira e amarelo.
A fada que alenta a vida
E só deixa os mortais no sono
Final, de verde vestida,
Sentava-se verde trono.
Pedi-lhe, mas foi em vão,
A realidade que buscava,
E a fada avessa à oração,
Só esperanças me dava.
Em cambiantes miragens,
– Do sonhador cruel lei! –
Vi as perfeitas imagens
Das ilusões que sonhei.
Queimei hóstia em holocausto
Ao nome surdo, mas belo,
Até que afinal exausto
Lhe abandonei o castelo.
Niterói, 1923