Prazer

Fui a um templo referto
De gemas, flores e riso,
Um pequeno paraíso
     Aberto.

Assomou á porta de ouro
(à qual eu fora bater)
O dono, um menino louro
     – Prazer...

Acolheu-me com alegria
E os portais lhe penetrei,
De tanto gozo, eis que um dia
     Cansei.

Como estranho possa a alguém
Parecer quem tal afiança,
Digo que o prazer também
     Cansa.

Niterói, 1923


Referto – repleto, muito cheio.
Produção Digital: Silvia Avelar @ 2011