O canarinho
Passou o inverno todo prisioneiro
Numa gaiola que do muro pende,
Mas do vento, hoje, a cólera se acende
E dá com ela embaixo no terreiro.
Por uma fresta que se abriu, ligeiro,
De novo os ares com as asas fende,
A canarinha procurar empreende
E vai pousar no cimo de um coqueiro.
Foi, bem se lembra, sob aquelas palmas,
Que se ligaram suas brancas almas
E onde erigiram com ternura o ninho...
Alonga a vista que sua dor retrata,
Pois avistara, lá, bem longe, a ingrata
Cantando ao lado de outro canarinho.
Niterói, 25-