O olhar de minha mãe

Se todo o ouro que o rei Creso tinha
– A fortuna maior que se juntara –
Dado me fosse em troca... eu não trocara
Por um olhar de minha mãe velhinha.

Se me dissera o sol: a auréola minha,
Meu imenso poder eu te ofertara,
Se me desses em troca... eu não trocara
Por um olhar de minha mãe velhinha.

Se o grande mar o que em seu cofre aninha,
Desde o coral à perola mais rara,
Me oferecesse em troca... eu não trocara
Por um olhar de minha mãe velhinha.

Tenho a riqueza que o rei Creso tinha,
A luz do sol que a natureza aclara,
O coral fino e a pérola mais rara,
Tudo, no olhar de minha mãe velhinha.

Niterói, 02-10-1923


Creso (rei da Lídia de 560 a 546 a.C.) tornou-se famoso pela sua riqueza, atribuída à exploração das areias auríferas do Pactolo, rio afluente do Hermo.
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