Conselhos paternos

 

Filho, fortuna angariar não pude
E nem a vida em ta alcançar poupei-a;
Mas tens de bênçãos toda a alma cheia
E dos exemplos da mais sã virtude .

Quando no meio da peleja rude,
Não dês ouvido aos cantos da sereia;
Não fales nunca da existência alheia,
Toma cuidado que a aparência ilude.

Ouço-lhe ainda a exortação antiga,
A voz pausada, carinhosa e amiga,
Como um som morto a pervagar no escuro...

Embora ausente sempre o tenho ao lado,
Pois vou buscar no exemplo do passado
O modelo a observar no meu futuro.

Niterói, 01-11-1923


Até o poema anterior, foi utilizada tinta preta. A partir deste soneto, o autor utilizou tinta azul, idêntica à que foi utilizada em algumas emendas a poemas anteriores. Trata-se de poema publicado no jornal Município, de Lavras, no dia 24 de fevereiro de 1924.

Na edição de 1924, publicou-se “de mais sã virtude” por “da mais sã virtude”.

Utilizamos o itálico para substituir as aspas que eram utilizadas pelo autor para destacar o texto, no manuscrito.

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