A galera
Sob as bênçãos da luz e sob um céu de opala,
A galera gentil solta as asas ao vento,
E, mansa e mansa, assim como cisne alvacento,
Para igustas regiões à flor d’água resvala.
O rumor das canções da maruja nos fala
Da alegria que a invade e do contentamento;
Somente o velho mar, triste, como um lamento
Entoa a salmodia em que as ondas embala.
Ninguém mais pensará ser a mesma de outrora
A galera feral que no porto hoje ancora,
Chorando as ilusões dos seus passados anos...
Galera da minha alma – intrépida galera –
Que vais oceano em fora ao país da quimera
Não voltes tu também a chorar desenganos...
Niterói, 26-08-1924