Minha avozinha

Em sua face, em que a ternura habita,
Há sempre um riso meigo de bondade,
E aos nossos olhos, apesar da idade,
A sua face é mesmo assim bonita.

A meditar o espírito concita
Daqueles olhos a serenidade...
Todo o semblante angelical persuade
Que não sofreu os golpes da desdita.

O seu vultinho, que anda já curvado,
Dá-nos a ideia de que o seu passado
Constou de flores e sorrisos francos...

Mas de uma coisa vou-me convencendo
– Das suas dores – que me estão dizendo
Os alvos fios de cabelos brancos.

Niterói, 28-08-1924

Produção Digital: Silvia Avelar @ 2011