Santa Isabel
Quase nunca se passava um dia,
Que aos desgraçados não levasse esmola,
E do regaço , com prazer, fazia
A compassiva e próvida sacola.
Naquelas trevas, que só Deus consola,
Ela era como um raio de alegria,
O rei, porém, que descobrira a mola,
Que da mulher o espírito movia,
Certa vez perguntou-lhe o que levara.
– Levo rosas...
A dúvida lhe crava
O coração de setas venenosas.
E o rei quer vê-las. Mas desse embaraço
Vem Deus livrá-la, que, no seu regaço,
A ceia muda num montão de rosas.
Niterói, 29-08-1924