A caveira
Com essa gargalhada zombeteira,
Que parece mofar eternamente,
Que queres tu dizer, pobre demente,
Ó insensata e estúpida caveira?
Queres mostrar aos homens que é cegueira
A ambição, e que toda glória mente?
Ou por ventura doutrina à gente
Que a vida passa em lépida carreira?
Esse teu crânio (tal a perfeição!)
Penso que seja o crânio de Platão
Ou de qualquer heleno sábio enfim...
À tua ação não há quem fique avesso
E, se te vejo, logo me entristeço,
Pois sei que um dia hei de ficar assim.
Niterói, 31-08-1924