O espelho
Hoje aqui venho conversar contigo,
Ó meu querido e afortunado espelho,
Ouvir-te ainda mais algum conselho,
Porque és na terra o meu melhor amigo
Abandonei-te para meu castigo,
Ó meu querido e afortunado espelho,
Mas à tua afeição já me aparelho,
Pois te procuro para meu abrigo.
Minha alma quer – inconsolável monja,
Que está cansada de escutar lisonja –
Que eu siga sempre na tua alva esteira
Porque só tu minhas paixões subjugas,
Só tu me mostras as primeiras rugas,
Só tu me dizes a verdade inteira.
Niterói, 03-09-1924