Meu corpo

Ó corpo meu, meu bárbaro tirano,
Os teus impulsos bestiais embrida .
Não me arrastes assim pela descida,
Não sejas para mim tão desumano!..

Se o espírito sulcou outrora, ufano,
Contigo, a estrada, que ao prazer convida,
Hoje deplora essa passada vida,
Com lágrimas de amargo desengano.

Verdugo meu, teus ímpetos desterra...
E, se queres viver feliz na terra,
O bem procura, e a paz onde estiver...

Não sejas tão cruel, tão malfazejo,
Não me leves aonde não desejo,
Busca somente o que minha alma quer.

01-05-1925


Embridar é colocar brida, freio ou rédea.

Este verso foi escrito na sobrelinha, rasurando-se o que se escrevera anteriormente.

Produção Digital: Silvia Avelar @ 2011