O sineiro

Ao colega J. Nicodemus

Fechado, no campanário
De igreja soturna e triste,
Como um monge solitário,
Um velho sineiro existe.

À tarde, se me afigura
Que um prazer louco o domina,
Enquanto o sino murmura
No ar, a canção divina.

Nós, também, temos no peito,
Oculto, um sino perfeito,
De singular vibração...

Tange-o sempre, o dia inteiro,
– A saudade – que é o sineiro
Da torre do coração.

05-10-1925


Este verso Que um prazer louco o domina, substitui a versão anterior Que seu semblante se anima,, que foi rasurado.
Produção Digital: Silvia Avelar @ 2011