Q uando o teu vulto passa

Quando o teu vulto, delicado e airoso,
Vai, distraído, atravessando a praça,
Há sensações intérminas de gozo,
         Quando o teu vulto
         Pequenino passa.

Quando o teu vulto, que perfuma os ares,
Os seus encantos, lépido, esvoaça,
Há movimentos céleres de olhares,
         Quando o teu vulto
         Pequenino passa.

Quando o teu vulto, esguio de sereia,
Dos lábios virgens mostra a rubra taça,
Há corações sangrando pela areia,
         Quando o teu vulto
         Pequenino passa.

Quando o teu vulto, sorrateiro e leve,
Das formas belas o esplendor devassa,
Há tanta coisa!... Que se não descreve,
         Quando o teu vulto
         Pequenino passa.

I. Coutinho

Belo Horizonte, 25-12-1926

Produção Digital: Silvia Avelar @ 2011