Este amor fatal que me envenena
Este amor fatal que me envenena
Os tristes dias que na terra passo,
Quero imortalizá-lo, como faço,
Com um simples rasgo genial da pena.
Por te encontrar, ao fundo da geena ,
Descerei animoso e sem cansaço,
Nem necessito de Virgílio o braço
Se te procuro, ó tímida morena.
Ao teu olhar, reconhecido e mudo,
Esquecerei todas as dores, tudo,
As aflições que agora me consomem...
Mas me debato num receio extremo:
– É que encontrar-te, no outro mundo, temo,
Enlaçada nos braços de outro homem.
I. Coutinho
Belo Horizonte, 30-12-1926.