Este amor fatal que me envenena

Este amor fatal que me envenena
Os tristes dias que na terra passo,
Quero imortalizá-lo, como faço,
Com um simples rasgo genial da pena.

Por te encontrar, ao fundo da geena ,
Descerei animoso e sem cansaço,
Nem necessito de Virgílio o braço
Se te procuro, ó tímida morena.

Ao teu olhar, reconhecido e mudo,
Esquecerei todas as dores, tudo,
As aflições que agora me consomem...

Mas me debato num receio extremo:
– É que encontrar-te, no outro mundo, temo,
Enlaçada nos braços de outro homem.

I. Coutinho

Belo Horizonte, 30-12-1926.


Geena é o local de suplício eterno pelo fogo, o inferno.
Produção Digital: Silvia Avelar @ 2011