Sumário

Conclusão

Bibliografia

  

A Peregrinatio Aetheriae, além do interesse histórico e litúrgico, é um precioso documento lingüístico. Sob este aspecto, os autores parecem contradizer-se. Uns sempre se referefem ao caráter vulgar do texto, mas reconhecem nele elementos de certo requinte literário. Outros entendem que a formação literária da autora é bastante densa para se considerar vulgar a língua da obra; no entanto, incluem-na entre as fontes do latim vulgar. Parece-nos, então, que o problema está precisamente na conceituação ambígua e fugidia de latim vulgar.

Na Peregrinatio há elementos que revelam o esforço da autora para, no V século, escrever em conformidade com a língua literária tradicional; e há inúmeros elementos típicos da língua falada de seu tempo, entre os quais os cristianismos, que a autora empregava no intercâmbio social ou lia nos textos bíblicos igualmente impregnados de oralidade.

Certos estudiosos criticam a pobreza do latim eteriano: vocabulário quase exclusivamente designativo de coisas concretas, adjetivação sem nenhuma criatividade, cansativas repetições e explicações etc. Contudo, a autora procura trabalhar o seu material lingüístico: a rica sinonímia para “subir” e “descer”, as expressões para “ser costume”, o emprego refletido de verbos formados de prefixos, a maneira “concreta e visual” de se exprimir...