Meu livro
Meu pobre livro, se em teu giro achares
Quem te despreze e ao pó do esquecimento
Notar-te queira, qual falena ao vento
Dilata as asas pelos vastos ares.
Procura outros vergéis , outros palmares,
Onde possas voar a teu contento;
Não deixes escapar um só lamento,
Que só mofa acharás a teus prezares.
Se os homens todos um modesto abrigo
Te recusarem dar, as asas bate
E vem ter outra vez aqui comigo.
Não mais te deixarei vagar no espaço
Pródigo filho, que caíste ao embate
Da sorte, dorme agora em meu regaço...
Campelo, 1921