A meu pai

... Dans les plis de mon
coeur une image cachée...
Lamartine

Achei-te grande, oh! pai, quando te vi criança
à borda de meu berço. E me esquecer pudera,
Se a morte era ilusão, a vida uma quimera
A terra um lindo sonho, o mar sempre bonança,

Teu rosto meigo e belo? Uma eterna lembrança
Gravada me ficou. Raiou uma nova era,
Raios de sol cortando um céu de primavera,
Então vi-te maior! Uma grande mudança

Como se explicaria? É que teu braço forte
Guiava-me o passo incerto. E venceria, ousado,
Se não tivera arrimo, as mutações da sorte?

Vejo-te hoje sublime, oh! meu pai adorado,
Que vais buscar na Bíblia e tens a fé por norte,
O mais excelso exemplo – os do Livro Sagrado.

Niterói, 1919


...Nas dobras do meu coração, uma imagem oculta...

Quimera é um monstro mitológico com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente. Figuradamente, é o produto da imaginação, sem possibilidade de realizar-se, algo absurdo, uma fantasia, uma utopia.

Produção Digital: Silvia Avelar @ 2011