A meu pai
... Dans les plis de mon
coeur une image cachée...
Lamartine
Achei-te grande, oh! pai, quando te vi criança
à borda de meu berço. E me esquecer pudera,
Se a morte era ilusão, a vida uma quimera
A terra um lindo sonho, o mar sempre bonança,
Teu rosto meigo e belo? Uma eterna lembrança
Gravada me ficou. Raiou uma nova era,
Raios de sol cortando um céu de primavera,
Então vi-te maior! Uma grande mudança
Como se explicaria? É que teu braço forte
Guiava-me o passo incerto. E venceria, ousado,
Se não tivera arrimo, as mutações da sorte?
Vejo-te hoje sublime, oh! meu pai adorado,
Que vais buscar na Bíblia e tens a fé por norte,
O mais excelso exemplo – os do Livro Sagrado.
Niterói, 1919