A minha mãe

És tu, alma divina, essa Madona
Que nos embala na manhã da vida?

Álvares de Azevedo

Quando partia do teto amado
E que, apressado,
Me dirigia para a estação,
E tua mão
E os olhos teus
Dizerem adeus
De longe via,
Em me sentia
Grande apreensão.
Julguei ser breve essa emoção
E desde então,
De força armei-me para vencê-la,
Julgando vê-la,
Logo vencida.
Minha partida
Custa-me pouco,
Pensava eu, louco...
Mas não sabia
Que, noite e dia,


Um sentimento me atormentasse,
Sempre vivace.
Agora vejo que me enganava,
Quando julgava,
Que o sentimento
Dura um momento.
Como a verdade,
Uma saudade,
Inda que vaga,
Jamais se apaga.
Quando a cabeça pra travesseira
Pende ligeira,
Sinto-te perto, vejo-te em sonho,
Anjo risonho.

Niterói, 1919


Não estaria, aqui, o me por mim?
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