Minha terra.

A minha terra é um ninho
De mimoso passarinho,
Igual no mundo não há;
É um jardim de açucenas,
Em que nas tardes amenas
Canta o meigo sabiá.

As noites de minha terra,
Quando a lua beija a serra,
Que de encantos que elas têm!
As reluzentes estrelas,
Como vaidosas donzelas,
Mais beleza dar-lhes vêm.

Os seus regatos fluentes,
Os seus campos viridentes ,
Que doce magia encerram!
As ovelhinhas balando,
A erva tenra tosando,
Enquanto os novilhos berram.


Em suas matas floridas
Andam as tribos perdidas,
Amando a vida selvagem;
A brisa passa macia
Pela floresta sombria,
Beijando a verde folhagem.

No seu clima há variedade,
Desde a mais fria umidade
Té o calor mais ardente;
A flora, oh! Que rica flora!
Acorda ao surgir da aurora,
A noite queda dormente.

A fauna do meu torrão,
Se lhe falece um leão,
Supera em outro animal;
As searas, mantos de ouro,
Ostentam cabelo loiro
Té na zona tropical

Quando à manhã rompe o sol,
Estendendo o seu lençol,
Anunciando o trabalho,
No campo, tereis um véu
De estrelas, que veio do céu,
Nas brancas gotas de orvalho.


Oh! Como é bela, tocante!
Oh! Se eu a pena de Dante
Para cantá-la tivera!
Pintaria um paraíso,
Todo delícias e riso,
Sob um céu de primavera.

Campelo, 1921


Viridentes – que verdejam; verdejantes, viçosos.

O artigo a foi acrescido posteriormente, a tinta azul.

Produção Digital: Silvia Avelar @ 2011