O pássaro
Anda apressado o pobre passarinho
No labor incessante; desde a aurora
Não para um só instante, uma só hora,
Sempre a catar pra os filhos um bichinho.
Na coma da mangueira, o tenro ninho,
Oculto entre os cipós além se arvora;
Busca-o a cada passo e a voz canora
Faz ouvir nos contornos de caminho.
Vendo um inclemente e rude caçador,
O espantalho das matas, o terror
Dos pássaros, a ave os ares corta.
E vai célere os filhos defender
Um tiro soa... após, um esbater
De asas em estertor: estava morta...
Niterói, 1919