O monge
Ei-lo, de pé, no cimo do rochedo,
Apenas rompe a aurora e enceta o dia,
A contemplar extático a agonia
Da vaga que se embala no penedo.
As brisas doudivanas, em folguedo
Beijam-lhe os pés, as faces à porfia;
O velho monge compassivo ria,
Amava aquela festa : era um brinquedo...
Ao presenciar dali a luta ingente
Do furioso mar com a rocha sente
Haver na terra, igual uma outra lida,
Um outro mar que se rebolca aflito,
Arremessando um lancinante grito
Contra os umbrais da eternidade: a vida...
Niterói, 7/09/1920