A J. R.
Anjos em alas na mansão sagrada
Tiram das liras doce melodia
No ar vibrátil, pálida irradia
A suave luz de eterna madrugada.
Sobre um dossel de aljôfar assentada,
A mãe de Deus a música assistia,
Nas mãos uma coroa lhe luzia,
Esperando a cabeça afortunada.
Em festa está o céu, porque um soldado
Nas falanges de Cristo se enfileira
E ao rijo vento as asas da galera
Solta em busca do porto ambicionado.
Após a luta, os louros da vitória
No céu terá como o penhor da gloria.
Niterói, 1920