Visão

Como agora, ó imagem do passado,
Avultas nestas trevas que diviso,
Tendo no rosto impresso o mesmo riso,
Riso de dor – que é pranto amargurado.

Se te descubro em aprazível prado,
Eu logo vejo o teu presente aviso:
Aqui demoro, neste paraíso,
Anjo da guarda, que te segue ao lado.

Se meus pesares eu consagro à lua,
Quando alta noite me ponho à janela,
Enquanto a mente, a divagar flutua,

A aparição eu julgo sempre vê-la.
Tanto mais bela, se o luar desnua-a,
A acenar-me de uma branca estrela.

Niterói, 1921

Produção Digital: Silvia Avelar @ 2011