Soneto

recitado pelo autor na sessão magna da Academia em 10 de maio de 1921.

Se penetrar no coração humano
Nos fora dado! O que se não veria?
Brotar aqui de um riso a melodia
Ali fechar-se a flor de um desengano.

Além viver o ódio, cruel, vesano ,
Que teme aparecer à luz do dia,
E mais além a insonte fantasia
De dormir na doçura de um engano.

Se o nosso coração, neste momento,
Mostrar pudesse o ingente sentimento
Que o domina e o invade todo inteiro,

Veríeis nele risos de alegria,
Porque vós, mais um ano, neste dia
Contais no episcopado brasileiro.

Niterói, 04-1921

Vesano – louco, demente, alienado ou maluco.

Insonte – que não tem culpa; inocente.

Produção Digital: Silvia Avelar @ 2011