Virgem das virgens, sublime essência,
Que da inocência foste padrão,
A quem navega por entre escolhos
Volve teus olhos de compaixão.
Virgem, sorriso do ser divino,
Baixado a pino do céu à terra,
Volve teus olhos, virgem serena,
A quem só pena no peito encerra.
Virgem clemente de olhar tão puro,
A este monturo em que nós vivemos,
Volve teus olhos de piedade,
Que a soledade suportaremos.
Virgem prudente, com teu auxílio,
O nosso exílio será mais leve;
Pois és a chama vívida, intensa,
Que da descrença dissipa a neve.
Quando eu, ó Virgem, galgar o espaço,
No teu regaço quero dormir;
Acolhe, ó Virgem, este teu servo,
Quando ao protervo mundo fugir.
Niterói, 05-1921