Uma dúvida tormentosa
A mente me vem perene,
Pois não sei se Irene é rosa,
Ou se a rosa é que é Irene.
Parti. Que tempo lá vai!...
Deixei a concha ditosa,
Mas confiei a papai
O cuidado de uma rosa.
Um dia sem esperar
A fortuna prazenteira
Conduz-me de novo ao lar,
E apenas vejo a roseira...
Onde está a minha flor?
Perguntei ao pai então,
O meu legado de amor,
Que me guardou vossa mão?
Percebendo a minha dor,
Indigitou-me o canteiro,
Dizendo que um jardineiro
Roubara-lhe minha flor.
Então por entre o jasmim
E a violeta mimosa,
Na calma do meu jardim
Chorei a perda da rosa.
Procurei no mundo inteiro
A minha flor olorosa ,
Mas não vi o jardineiro
Que me levou minha rosa.
Eis que agora ela, contente,
Dos vendavais pura, indene ,
Me volta. A rosa inocente
És tu minha mana Irene.
Que transportes de alegria!
Que satisfação infinda!
Vem causar-me, neste dia,
Novamente a tua vinda!
Niterói, 16/05/1921