O Zé Bigalho

 

O Zé Francisco Bigalho
Veio limpo, sem ceitil,
De Portugal ao Brasil,
À procura de trabalho.

Cá chegando fez tenção
De adquirir logo bens
E cavar os seus vinténs
Passando meses a pão.

Com surpresa e alegria
Um papagaio pousado
Viu surpreso, admirado,
Na mangueira um certo dia.

E quis-lhe por o gadanho
Quando o papagaio, alto
Clamou-lhe em voz de contralto:
Não te enxergas seu tacanho.


E o Zé que logo se vê,
Era infenso a cortesia,
Responde: Vossa Mercê
Desculpe que eu não sabia...

Niterói, 01-09-1921


A partir daqui, usou-se tinta azul, até a quarta estrofe do terceiro poema seguinte.

Gadanho é a garra de ave de rapina.

Produção Digital: Silvia Avelar @ 2011