As pombas e os sonhos
Como um colar de açucenas
Que se fizesse em pedaços,
As brancas pombinhas voam
Na vastidão dos espaços.
Ora as rijas asas batem
Ora serenas nos ares
Passam como à superfície
Do regato os nenufares .
Ao vê-las assim contente
Em festivo e alegre bando,
Parecem cabeças alvas
De álacres velhos voando.
São os sonhos como as pombas,
Partem e revoam no ar,
As pombas partem, mas voltam,
Vão-se os sonhos sem tornar.
Ismael Coutinho – Niterói, 12-10-1921