À margem de um rio

A tarde descia lenta...
Naquela solene calma
Fui procurar um consolo
À minha dolorida alma.

Então à margem do rio,
Sentado na branca areia,
Vi surgir calmo e sereno
O rosto da lua cheia.

E aquele rosto em desmaio
Causou-me tal impressão
Que leniu-me os males d’alma,
Os males do coração.

Pensei então na inconstância
De todos nossos penares,
Que passam à tona d’água
Como os verdes menufares.

E o rio tranquilo, manso,
Enrolava suas águas...
Como essas águas do rio
São minhas pungentes mágoas.


Ora afetam rijamente
O peito com duas frágoas;
Mas passam, como do rio
Ligeiras passam as águas.

07-01-1922

Produção Digital: Silvia Avelar @ 2011