As estrelas
Às vezes fico enternecido a vê-las,
Na muda calma de uma noite fria,
Alheias de encanto e divinal magia
As peregrinas, pálidas estrelas.
Todas me entendem e eu julgo entendê-las,
Na sua indiferença e mágica atonia ...
Há horas de amargura e horas de alegria
Para as etéreas, cândidas donzelas.
Quanta vez, quanta vez, às horas mortas,
Nelas absorto, elas em mim absortas,
Em íntima união, um lenitivo
É impetrado reciprocamente...
E a nossa absorção é tão patente
Que penso estar já morto e ainda vivo.
Niterói, 20-03-1922